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Piódão: proteja-se a aldeia

Um leão espetado na fachada de uma casa de xisto, é o símbolo de como estamos a marcar a protegida  Aldeia de Piódão. É apenas um de tantos registos de como somos tão bons a dar cabo do que é nosso. Dizem que à noite o Piódão parece um presépio. Pela disposição do casario espalhado pela colina. Fui durante o dia, e “minha nossa senhora”, a aldeia estava cheia ( a abarrotar ) de figurantes. Vivos, de carne e osso, e a falar francês. Não, puro exagero. Também vi muitos a expressarem-se em português, e a viverem o dia como tal. De facto, terei escolhido mal a data para passear pelo Piódão, lugar de tão difícil acesso na Serra do Açor, concelho de Arganil. Quem é que se lembra de por aqui passar a 15 de Agosto?! Dia de feira, dia de festa, e um nunca mais acabar de animadas actividades.

 

Dizem os Censos 21, que por aqui moravam cerca de cento e vinte pessoas. Neste dia passaram uns largos milhares. Para almoçarem nos vários restaurantes espalhados pela aldeia, comprarem rifas na quermesse, e dançarem ao ritmo da música atirada pelos vários artistas previstos em plano. Sim, eu português me confesso, também provei o queijo e o presunto, e comprei um magneto para botar na porta do frigorífico. Vendem-se às centenas, nas várias lojas estrategicamente colocadas na praça de entrada da aldeia. Isso, e uma variada escolha de licores.

Dizem também os discursos “politico-turísticos” que o Piódão é uma tradicional aldeia protegida ao abrigo de um projecto chamado de Aldeias de Xisto, e nascido em 2000. Depois disso já aqui brotaram casas de estuque e de telha, como em qualquer aldeia ou cidade, formadas nesta e noutras Beiras. Fiquei com a convicção de que estamos a desleixar a protecção, e que esta massificação ainda que localizada no tempo, não é a melhor receita para a preservação de uma aldeia com paredes em xisto, coberturas de lajes, e um imenso valor patrimonial. Para além de, como é óbvio, uma excelente estética paisagística. Enfim, hei-de voltar, lá mais para o Outono, quando o frio se começar a sentir, e as ruas a desertificar.

Talvez assim o Piódão me toque mais.

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