Procurar
Close this search box.

“Esta cidade merecia estar na primeira liga”

“Na primeira viagem até cá parecia que nunca mais chegava, que ia para outro país”, pode ser esta a primeira impressão quando se viaja para a Covilhã, mas depois de chegar, a cidade neve pode ser o local onde são feitos os sonhos e Joel Vital que o diga. O jogador do Sporting Clube da Covilhã batalhou muito para atingir o seu sonho que acabou por cumprir, depois de “correr” por muitos relvados portugueses, na cidade serrana. 

Todas as histórias têm um início e a de Joel começou no grande Porto, mais concretamente numa zona “fértil” em jogadores de grande gabarito. “Morava num bairro onde tinham crescido alguns jogadores para o futebol, como por exemplo o João Viera Pinto, o Nuno Gomes também morou nos arredores e todos os miúdos gostavam e admiravam muito o futebol”, começou por contar Joel que nessa altura acabava por ficar “de manhã à noite” a jogar futebol num ringue de pedra que se situava mesmo no centro do bairro. 

Nesta altura ainda não existia a noção que um dia poderia vir mesmo a seguir as pisadas dos seus “ídolos” e tornar-se num jogador profissional, essa perceção chegou já com a adolescência e com a chegada ao Sport Comércio e Salgueiros. “Só comecei a perceber que poderia atingir o patamar de jogador profissional por volta dos meus 15 anos, até então tentava estudar”, adiantou o jogador que admite que não era um “as” nos estudos e que acabou por deixar de parte um pouco cedo, mas nessa altura chegou o primeiro contrato. “Faço o meu primeiro contrato de formação nos Salgueiros e foi aí que vi que poderia ter condições para seguir este caminho”, confessou. 

A difícil chegada a um grande

Com 16 anos e depois de várias épocas ligado ao Salgueiros surge uma grande oportunidade e, consequentemente, uma grande mudança na vida de Joel. O Sport Lisboa e Benfica mostrou interesse no jogador, que rumou à capital. “Foi bom, mas difícil”, afiançou Joel que teve uma adaptação difícil a Lisboa. “É um clube grande, mas foi difícil mudar-me para uma cidade nova como Lisboa que não tem nada a ver com o Porto, as pessoas são muito mais fechadas e menos acolhedoras do que no Porto”, continuou acrescentando, ainda assim, que foi bom para o seu crescimento. E reflexo dessa mesma dificuldade na mudança foi o primeiro dia em que pisou o solo da capital e quase foi assaltado. 

“No Benfica foi tudo um sonho, tínhamos tudo e mais alguma coisa, até chuteiras, sapatilhas e material desportivo nos davam”

A semana divida-se entre os treinos com a equipa B, mais dois ou três treinos com a equipa júnior, pela qual jogava ao fim-de-semana. O final da época acabou por ser penoso para o (ainda) jovem Joel que teve a infelicidade de assistir “na primeira fila” à extinção das equipas “B´s”, inclusive a do Benfica, algo que hipotecou a sua manutenção no clube. “Cheguei a acreditar que podia chegar à equipa principal, mas assim que vi a extinção da equipa B percebi que esse sonho ia ficar por terra”, relembrou fazendo um paralelismo entre as diferenças desse tempo e os dias de hoje, onde existe um apoio e condições diferentes para a progressão de um jovem. “No meu tempo existia pouco apoio assim que a equipa B foi extinta fui basicamente empurrado para a saída, hoje existem equipas “B´s” e até equipas de sub-23”, completou.

A saída do Benfica para além de complicada trouxe também a dura realidade da dificuldade que um jovem tinha em encontrar um clube e em perceber se um empresário estaria, ou não a fazer o melhor por ele. “Não desisti e tentei logo encontrar um novo clube, na altura trabalhava com um empresário que não sei se estaria a fazer o melhor por mim”, adiantou acrescentado que muitos planteis se começaram a fechar na Segunda B por ser muito competitiva. “O empresário tinha ambição de me colocar na primeira ou segunda liga, mas isso não aconteceu e com a Segunda B com os planteis fechadas tive muita dificuldade em arranjar clube”, confessou. Acabou mesmo por aparecer um clube, mas na terceira divisão, o Canedo, onde completou o primeiro ano enquanto sénior. “Tive de dar dois passos atrás para poder jogar que era o meu interesse”, afiançou rematando que encontrou pessoas “muito trabalhadoras que tentavam que nunca faltasse nada, mas a realidade era bem diferente”. 

(Acompanhe a reportagem na íntegra na edição impressa)

João Botão dos Santos

VER MAIS

EDIÇÕES IMPRESSAS

PONTOS
DE DISTRIBUIÇÃO

Copyright © 2019 Notícias da Covilhã