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“Em 15 anos ordenei 20 sacerdotes, mas perdemos 60”

NC: Chegou à Diocese em 2005, ano em que a Igreja mudou de Papa. Como observou a mudança do paradigma na liderança da Igreja?

Bispo da Guarda (BG): Quem me nomeou bispo da Igreja, para a Diocese de “Aqua Flaviae” (extinta Diocese de Chaves) e também como bispo – coadjutor da Diocese da Guarda, foi o Papa S. João Paulo II, que viria a falecer nesse ano em que cheguei à Guarda. Necessariamente o paradigma da Igreja mudaria: Ratzinger é um intelectual, que veio a identificar com a sua clarividência e saber teológico, os problemas internos da Igreja, enquanto João Paulo II esteve muito mais voltado para os problemas sociais e as questões pastorais que circundam a Igreja e o Mundo.

Em 2006 iniciou as visitas pastorais à Diocese. O que crê ter mudado desde então?

Necessariamente tenho de identificar o índice demográfico, que decresceu, como a grande mudança desde 2006. Também o número de padres ao serviço da Diocese era muito maior que hoje. Em 15 anos ordenei 20 sacerdotes, mas perdemos 60, o que significa que as mudanças têm de se sentir. Mas, por outro lado, surgiu a realidade do diaconado permanente que não existia até então. Esta realidade exige uma mudança de mentalidade de todos, padres, comunidades e dos próprios diáconos. E deixo expresso o desejo de que os caminhos se renovem.

A partir de 2007 a formação dos seminaristas começou a receber as mudanças ao nível do curso superior e daí vieram consequentes mudanças. Crê ser este um motivo para o decréscimo de vocações ao sacerdócio?

Não creio que seja esta a causa fundamental, mas pode também ser um factor para esse decréscimo. O encerramento do Instituto de Teologia do Douro e Beiras poderia não ter acontecido assim, se tivesse havido uma outra clarividência. Este problema, que se coloca em quase todo o País, deve-se a um arrefecimento da fé, a um olhar de desconfiança para com a Igreja e a certas ideologias que colocam em causa a presença e o papel da Igreja na sociedade. Tudo isto leva a uma mudança na forma de olhar o padre, não como uma figura de estatuto social mas como um serviço aos outros. Hoje o nosso discurso vocacional não passa pelo desejo de encontrar no sacerdócio uma forma de estatuto e remuneração que nos ponham na classe alta, mas que se assuma um serviço à maneira de Jesus Cristo que veio para “servir e não para ser servido”.

 

(Entrevista completa na edição papel desta semana)

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