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Cidades médias, quiçá uma solução!

António Pinto Pires*

Não sou um opositor das grandes cidades, pela sua dimensão, pelo anonimato que aí se vive, pelas questões menos positivas, são as mega metrópoles. Se há aspetos relacionadas com os fenómenos etno-culturais, não duvido. Mas as grandes também proporcionam outro tipo de vivências que as cidades de média dimensão não proporcionam.

Se tivermos em linha de conta os fenómenos urbanos reportando ao período feudal, as cidades funcionavam como espaços de emancipação face ao despotismo dos senhores feudais, onde os ainda não cidadãos livre adquiriam o estatuto de emancipação, após um ano de permanência nas mesmas.

Ildefonso Falcones, escritor catalão, na sua obra “Herdeiros da Terra”, evidência essa condição a que os humanos foram sujeitos, no processo e emancipação e de liberdade.

Também as grandes cidades, ao caso Madrid que bem conheço, não obstante a sua dimensão, proporcionam ordenamento, enormes e extensos parques urbanos devidamente infra estruturados, inferindo-se daí que a sua concepção, tem como alvo a qualidade e o bem-estar dos cidadãos anónimos aí residentes. E esse anonimato sabe-nos bem.

Portugal apenas tem duas grandes cidades, Lisboa e Porto, com muitas diferenças entre si, não se opondo quanto às suas identidades, onde se percebe bem que a valorização da qualidade de vida, tem sido mais evidente.

Porém está a surgir um novo conceito na sociedade portuguesa, o das “cidades médias”, não diria como oposição, talvez como complemento às realidades urbanas que nos caraterizam. Se observamos este panorama, aplica-se ao nosso país, onde a maioria dos seus núcleos urbanos, se pode incluir nesta nova taxonomia.

Qual o papel que pode caber à Covilhã neste contexto! No meu entender o de liderança que pode passar por fazer um levantamento das potencialidades que se detém, mas de modo a valorizar os recursos existentes. Onde o fator Serra da Estrela, espaços de natureza, reserva da biosfera, reflexão sobre as alterações climáticas, criar nichos de investimentos virados para a natureza e assim captar investimentos que aqui assentem arraiais e proporcionar uma diferente qualidade de vida.

Encaro este fenómeno provavelmente como um modelo mais racional de ordenamento do território, deslindar projetos de médio e longo prazo.

Esta nova filosofia mexe em tudo com as diferentes posturas da classe política, quem sempre acompanha as realidades, antes pelo contrário, não querendo ver as evidências. E o caso das portagens das nossas auto- estradas, encaro-as como uma forte miopia duma classe que teima em dar prioridade às famílias políticas e respetiva clientela sempre à espera de migalhas, descurando outros tecidos sociais, onde residem importantes potenciais.

Para inferir, depois não se admirem com os índices de abstenção cada vez mais em crescendo, e a interioridade é um fenómeno que decorre dessas posturas desajustadas.

E os resultados estão bem à vista

*professor

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