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A evolução do Brasão de Armas da Covilhã

Carlos Madaleno

A originalidade é uma marca desde sempre patente na cidade da Covilhã, reflectindo-se na evolução do seu Brasão de Armas. Não conhecemos as suas armas medievais, apesar de sabermos existir após a atribuição do Foral, por D. SanchoI, em 1186, selo e signa. Em 1210, o documento da doação de uma herdade pelo Concelho a D. Gil Sanches e a Paio Pais, mostra evidências de um selo pendente que entretanto se perdeu. Carvalho Dias, refere-nos que no século XVI, era descrito pelos escritores de Alcobaça, sem referir mais fontes que “as armas da Covilhã são uma estrela de prata em campo azul”, sem que fosse definido o número de raios da estrela. Será provavelmente com base nesta fonte que foi elaborado o Brasão de 1852, que consta no Cartório da Nobreza e a partir deste surgiu o apresentado em 1860/62 por Inácio Vilhena de Barbosa.

As duas Pedras de Armas mais antigas que conhecemos na Covilhã são já posteriores ao reinado de D. Manuel. Uma delas ornamenta hoje um chafariz, no largo Eduardo Malta, adossado ao campanário da antiga igreja de São João de Longe, agora Capela do Lar de S. José. A outra, teve melhor sorte e encontra-se no auditório da Assembleia Municipal. Em comum ostentam coroa ducal aberta e no campo do escudo, 5 peças colocadas em aspa (X), escudetes no caso da pedra existente no chafariz, e broquéis (escudos redondos) no brasão existente na Assembleia Municipal. Este último, mais completo, ostenta peças que poderiam também estar presentes no primeiro referido. A semelhança com as armas reais deve-se ao novo estatuto concedido à vila da Covilhã pelo rei Venturoso, por provisão régia de 21 de Fevereiro de 1428, em que a torna realenga. Deveria no entanto haver uma clara diferenciação através da posição das peças e/ou dos esmaltes e metais (cores). O escudo nacional apresentou sempre os 5 escudetes colocados em cruz, enquanto as armas da Covilhã apresentam os escudetes/ broquéis em aspa (X). A pedra armoriada do largo Eduardo Malta é originária do antigo fontanário da Fonte Velha, sendo colocada no actual espaço em 1981,pelo executivo Camarário da época. A pedra armoriada da Assembleia Municipal encontrava-se no frontispício dos Paços do Concelho, construído em 1614, podendo no entanto ter sido reaproveitada do edifício com as mesmas funções, edificado no mesmo local em 1518.

Pela tradição tornou-se conhecida a carranca colocada por baixo deste último brasão, a qual se fez corresponder ao Conde D. Julião. Em meu entender este ornato não seria mais que isso, bastando para tal verificar o elevado número destas caras de feições grotescas colocadas em diferentes construções, argolas e batentes de porta. Seja como for esta ganhou estatuto simbólico e foi reproduzida num outro brasão que se encontrava no antigo Salão Nobre dos Paços do Concelho.

Uma nova versão em 1675

Em 1675, Francisco Coelho apresenta-nos uma nova versão das Armas da Covilhã, na sua obra “ O Tombo das Armas dor Reis…”no capítulo dedicado às armas das vilas de Portugal com lugar em Cortes. Estas armas, diferentes das já mencionadas com o campo azul e prata, apresentam pela primeira vez campo vermelho, o que as distingue do escudo nacional. As armas nacionais apresentam em campo de prata (branco) 5 escudetes colocados em cruz, carregados de 5 besantes colocados em aspa. As armas da Covilhã de que agora falamos eram compostas, nesta altura, por 5 escudos nacionais, em campo vermelho, colocados em cruz.

Um novo brasão surge-nos em 1790, numa pedra colocada na casa dos magistrados. Apresenta escudo cortado, contendo na parte superior as Armas Nacionais ladeadas à sinistra por Esfera Armilar. Na parte inferior aparece representação igual à de uma antiga bandeira da Câmara, correspondendo a uma estrela sobre uma aspa (X). A estrela de seis pontas deve-se ao local geográfico e a aspa, contrariamente às muitas interpretações que lhe têm sido apontadas, é um elemento heráldico recorrente simbolizando o estandarte do chefe invicto. Este aspecto vem corroborar o facto de a representação constar igualmente numa bandeira, aludindo à invencibilidade dos valores nobres da Covilhã.

No início do século XX, surge mais um brasão desta feita com o escudo esquartelado, onde se representam os elementos já referidos, mas em quartéis diferentes. No primeiro quartel, a cruz de cristo; no segundo, uma estrela, agora, de cinco pontas, sobre uma aspa; no terceiro, as armas nacionais; no quarto, a esfera armilar. É flanqueado por 2 ramos; um de carvalho, simbolizando a valentia e nobreza, outro de loureiro, que simboliza reconhecimento e heroicidade. Nalgumas representações mais tardias deste brasão, caso da existente na actual sede da delegação do Turismo da Serra da Estrela, surgem já as insígnias da Grã-Cruz da Ordem de Mérito Agrícola Industrial – Classe do Mérito Industrial, atribuída à Covilhã pelo Presidente da República, Óscar Carmona, em 2 de Dezembro de 1931. Contem ainda a insígnia do Grau de Cavaleiro (Dama), da Ordem Militar de Nosso Senhor Jesus Cristo, concedida por decreto de 1 de Outubro de 1930, publicado no dia 5 do mesmo mês a pedido do Grémio da Covilhã, em Lisboa. Estas duas distinções fazem ainda hoje parte do actual brasão de Armas da Cidade.

O actual brasão, de 1941

Por portaria de 29 de Agosto de 1941, é formalizado o actual brasão de Armas da Cidade que apresenta em campo azul estrela de seis pontas carregada de um rodízio alusivo à sua indústria. Em chefe e contrachefe duas bandas ondeadas, representando as principais ribeiras da cidade, é flanqueado pelos colares e respectivas insígnias das Ordens já referidas e listel com inscrição “Cidade da Covilhã”, sendo coroado por coroa mural de cinco torres.

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